Curtas da estréia do Brasil

A experiência que tive na terça no Estádio Olímpico de Berlim foi única. Além de ser a primeira partida de Copa do Mundo que pude ver in-loco, a magnitude da construção é contagiante. Muitas coisas merecem destaque com relação ao evento. Vamos a elas em curtas:

Brasil x Croácia 009– É impressionante o número de torcedores brasileiros que vieram para a Copa sem entradas. Na porta do estádio, um sem-número de compatriotas estavam à procura de ingresso para a estréia do Brasil. E havia também um grande número de cambistas. Os preços iam de 250 a 500 euros, variando de acordo com o setor no estádio, da barganha do cliente e quanto tempo faltava para o início do jogo. Reza a lenda que, em outras Copas, quando o jogo começa, os cambistas desistem de vender os ingressos e até davam eles para quem não tinha. Não vi se isso aconteceu em Berlim, mas várias pessoas estavam esperando por essa oportunidade.

– Existiam diversas categorias de cambistas. Os profissionais tinham um grande número de ingressos na mão, fazendo negócios com os clientes. A negociação com eles eram bem mais difícil e pouco se conseguia barganhar. Havia os marinheiros-de-primeira-viagem, que estavam também com um bom número de ingressos e a negociação era mais fácil. Por fim, tinha os que nem queriam fazer isso, mas como ficaram com um ou outro ingresso sobrando na mão, venderam na porta do estádio. Como eles só queriam se livrar dos ingressos, os preços foram os mais baratos. Na entrada do estádio, nada da temida conferência de nomes. Por isso, o comércio paralelo de tickets está liberado.

– No trem para o estádio, encontrei com quatro pessoas que vieram de São Paulo para a Alemanha com apenas um ingresso na mão. O casal Ricardo e Tarcísia veria o jogo de estréia e depois voltaria para o Brasil. Já os outros dois tinham ingresso para o “clássico” Tunísia e Arábia Saudita, disputado ontem. Com muito bom humor, eles estavam satisfeitos por, pelo menos, ver um jogo do maior torneio do futebol mundial. Após o jogo, eles viajariam uma semana pela Europa e voltariam para casa. Com a Copa do Mundo rolando.

– A festa tradicional na entrada do jogo aconteceu sem problemas. O número de torcedores da Croácia era maior, mas quem fez o carnaval foram os brasileiros. Com muito barulho, música e gritos de torcida, brasileiros e croatas se confraternizavam, mesmo quando um estava tirando pêlo do outro. Tudo era folia, afinal, ninguém entendia o que o outro estava dizendo mesmo…

Brasil x Croácia 007

– Álvaro Filho, professor universitário e jornalista do jornal do Commercio (Recife), estava vendendo e autografando seu livro Tudo o que as mulheres queriam saber sobre o futebol, mas tinham medo de perguntar na frente da entrada principal. Não era a pretensão dele, mas foi um desafio proposto pelos internautas do seu blog. Era isso ou tentar comprar um ingresso de cambista. Foi melhor a tarde de autógrafos. Até vendeu alguns exemplares do livro, que por sinal já li e é muito bom.

Brasil x Croácia 002

– Faltando pouco para o início do jogo, todo mundo resolveu entrar no Olímpico de Berlim. Filas? Sim, e bem grande. Demora? Nenhuma. A revista, validação do ingresso e localização do assento acontecia em um breve espaço de tempo. Com o estádio tomado, achei a minha cadeira. Vazia. Impressionante. Igualzinho no Brasil, né?

Brasil x Croácia 013

– Na fileira de trás, um cara dormia durante o jogo. Bebeu demais e ficou cambaleando a partida inteira. Acordava em alguns momentos, tentava pronunciar algumas palavras e voltava para a soneca. Vai entender…

– Por fim, na saída, houve uma intensa troca de materiais esportivos entre os torcedores dos dois países. Boné, cachecol, camisa (oficiais ou não) ou qualquer outro apetrecho entrava na permuta. Tudo para se ter uma lembrança a mais da partida. E percebi só no final também, mas a praça em frente ao estádio se chama Jesse Owens. Uma homenagem justa ao atleta negro que, há 70 anos, venceu quatro provas de atletismo nas Olimpíadas de 36, disputado nesse mesmo local, e frustrou a tentativa de Hitler de provar que a raça ariana era superior. Uma história perpetuada pelo esporte.

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